Virou capa da Mad

Você domina o photoshop? Isso, aliado a conhecimentos no Corel, pacote do office, entre tantos outros softwares, são requisitos básicos em diversos trabalhos. Porém, é sempre bom escolher bem os profissionais que trabalham com essas tecnologias, pois há exemplos de trapalhadas homéricas de profissionais da “photoshopagem” aos montes para se observar.    

O título desta matéria se deve exatamente ao processo pelo qual passam as fotos de algumas celebridades. Quem conhece a Revista Mad não tem como deixar de se lembrar do seu símbolo: Alfred Neuman, personagem que ilustrava as capas e matérias do periódico.

Revista que se notabilizou nos EUA, Brasil, entre outros países, por fazer paródias de filmes, livros, celebridades e diversos ícones da cultura popular, a Mad por vezes também trazia essas pessoas famosas como caricaturas, exagerando nos traços faciais, orelhas, boca etc.

Mulher Girafa

Para facilitar as coisas, basta dar uma olhada na foto ao lado - ela ainda vem acompanhada de uma descrição.

“O interessante é que até em grandes e renomadas revistas acontece esse tipo de erro. Coitada da modelo, deve ter sido alvo de várias piadas, pois ficou com um pescoço de girafa”, diz o estudante do 4º semestre do curso de Design da Unijuí, Wagner Chollet, ao observar a foto da revista “Life & Style”.

Wagner, que também trabalha como designer gráfico na empresa Nova Design, de São Luiz Gonzaga, considera o photoshop uma ferramenta feita para facilitar e concertar fotos (justamente o que se espera de uma tecnologia inovadora), porém, ele cita o uso excessivo desse programa como responsável por essa tendência em “melhorar” constantemente o produto, fazendo com que algumas fotos fiquem fora da realidade “Eu acho que ele (photoshop) tem que ser usado para retoques e detalhes, mas sem descaracterizar as pessoas”, diz o estudante.  

Questionado sobre se essas novas tecnologias ajudam ou atrapalham o trabalho profissional, Wagner destaca a necessidade do bom senso, que sempre deve nortear esse tipo de trabalho: "O profissional que trabalha nessa área tem que ter muito bom senso e saber usar esse recurso sem excesso, o que geralmente não acontece, principalmente no caso dos fotógrafos, que, depois de tratarem as fotos, acabam descaracterizando as pessoas. 

Gal e Caetano na Rolling Stone

Essa foi a foto (abaixo, no centro) que originou o nome desta matéria. A comparação é inevitável, basta analisar a capa da Rolling Stone que traz Gal Costa com Caetano Veloso e compará-la a algumas publicações da Mad. Confira:

À esquerda temos a caricatura de Charlie Sheen, com um "Neuman Feminino" ao fundo, seguida da foto central que mostra Caetano e Gal e, finalmente, uma amostra do Neuman mais evidente, vestido de stormtrooper 

As novas tecnologias facilitam sim a nossa vida, mas quando usadas de forma displicente podem causar danos, rendendo até processos judiciais. Panto, se você não for empregado da Mad, lembre sempre disso quando for "photoshopar" alguém.

Semeando o futuro a partir da prática esportiva

Projeto realizado em Ijuí mostra-se uma maneira efetiva de ensino de voleibol no município 

Desde 2009 o projeto “Ijuí Pró-Vôlei – Semeando o Futuro” tem formado crianças e adolescentes junto ao contato com o esporte. O programa, que ensina vôlei para estudantes de 07 a 14 anos, visa formar atletas para a modalidade de voleibol, integrando-os com a comunidade.

Alex é ex-atleta da seleção brasileira de vôlei e idealizador do projeto

O ensino gratuito desta modalidade esportiva mostra-se uma alternativa eficaz para a complementação da educação de crianças e adolescentes. O Pró-vôlei é realizado em parceria com o Poder Executivo –Município de Ijuí e Unijuí, e vem obtendo bons resultados no ensino de voleibol.

            “O Pró-vôlei atinge crianças e adolescentes das três redes de ensino de Ijuí, e tem mais de mil alunos inscritos”, conta o idealizador e coordenador geral do Pró-vôlei, Alex Lenz Stragliotto. Ele é professor de educação física e ex-atleta da seleção brasileira, e voltou para sua terra natal buscando democratizar o ensino da modalidade entre os estudantes locais.

As crianças recebem aulas nos turnos inversos à escola

As atividades são realizadas no turno inverso ao programa curricular escolar em núcleos que abrangem grande parte do município e são acompanhadas por monitores/acadêmicos do curso de Educação Física que recebem capacitação e supervisão periódicas dos coordenadores pedagógicos responsáveis. As aulas acontecem em escolas municipais que beneficiam os alunos matriculados na respectiva instituição e em ginásios municipais cedidos pela prefeitura que recebem estudantes das três redes de ensino.

Segundo a coordenadora pedagógica do projeto, Márcia Michael, o Ijuí Pró-vôlei também é uma maneira de formar professores, pois ensina de acadêmicos do curso de Educação Física desta modalidade esportiva, ganhando experiência no ensino das modalidades”.

            Mais informações sobre os horários de aulas e locais de aprendizagem podem ser adquiridas na sede do projeto, no Ginásio Municipal Wilson Mânica ou pelo site http://www.provolei.com.br/.

Tragédias no mundo do rock

 Sexo, drogas, rock'n'roll e mortes. A controvérsia em torno de um dos gêneros mais importantes da música popular não é de graça. Conheça alguns dos casos mais notórios envolvendo roqueiros e mortes.

O mundo do rock é cercado de controvérsia e boatos dos mais variados tipos acerca das estrelas do gênero. Drogas, extravagância, orgias e pacto com o diabo são apenas alguns dos comentários que rolam sobre vários artistas de rock. Grande parte destas histórias não passam de ficção. Mas e quando as coisas fogem do controle, e os artistas acabam se envolvendo em incidentes reais?

Uma notícia triste deixou alarmados os fãs de metal ao redor do mundo. O vocalista da banda americana Lamb of God foi preso, acusado de homicídio culposo. O desenrolar da notícia na mídia foi confuso. Inicialmente foi noticiado que o vocalista Randy Blythe teria se envolvido em uma briga com um fã, que teria morrido devido aos ferimentos. O curioso é que esse incidente teria acontecido em 2010.

No dia 29 de julho deste ano, o empresário da banda divulgou uma nota esclarecendo melhor a situação. Durante este show, na República Tcheca, em 2010, um fã teria subido ao palco duas vezes e tentado agredir Blythe, na terceira tentativa, em defesa própria, o vocalista empurrou o garoto de 19 anos, que com a queda do palco, bateu a cabeça e morreu dias depois por hemorragia cerebral. O caso de Blythe ainda está se desenrolando na justiça. Circula um vídeo na internet que mostra Blythe empurrando um fã de cima do palco,  porém, não há provas de que o "acidente" fã tenha ocorrido nesta ocasião.

Mortes e Beatles: Este incidente na República Tcheca não é o primeiro, e nem o pior, envolvendo artistas do rock e mortes. Um dos casos mais notórios da história da música foi o assassinato do beatle John Lennon. Quando Lennon voltava para casa, no dia 8 de Dezembro de 1980, o fã Mark Chapman o abordou e disparou cinco vezes com um revolver calibre 38 contra o músico. Mark cumpre prisão perpétua até hoje.

A música Helter Skelter de Paul McCartney teria servido
de inspiração para o serial killer Charles Manson

Este não foi o único acontecimento envolvendo mortes e os Beatles. A música Helter Skelter, do álbum branco, teria servido de inspiração para o serial killer Charles Manson. Manson foi fundador de uma seita à qual chamava de família, pregandoa superioridade da raça ariana e uma série de princípios altamente controvérsos. Uma das verdades da seita de Manson é que os Beatles eram os cavaleiros do apocalípse e se comunicavam com ele por suas músicas. Manson está preso, condenado a prisão perpétua por seis assassinatos, um deles, da mulher do cineasta Roman Polanski, Sharon Tate.

Black Metal, igrejas queimadas e morte: Outro capítulo sinistro da história do rock ocorreu na Noruega entre a década de 80 e 90. A banda Mayhem era uma das principais integrantes do grupo Innercircle, um grupo anticristão que pregava o ódio à religião na dinamarca. O grupo planejava até mesmo extinguir a religião do país. Embora o plano não tenha dado certo, mais de 100 igrejas foram queimadas pelo Innercircle.

Após o suicídio do vocalista Dead, o baixista Euronymous
fotografou o corpo do companheiro. A foto virou capa
de disco

Não bastasse o ódio anticristão, a banda Mayhem passou por outros acontecimentos horrendos. O primeiro deles foi o suicídio do vocalista Dead, que cortou os pulsos e disparou com uma arma de fogo contra a própria cabeça, em sua casa na Noruega. Além disso, Dead deixou um bilhete escrito "Desculpem pelo sangue".  Relatos contam que Euronymous, guitarrista da banda, ao encontrar o corpo do companheiro, correu até a cidade, comprou uma câmera fotográfica e bateu várias fotos do corpo do vocalista. Uma das fotos teria sido usada como capa do album Dawn of the Black Hearts.

Mais mortes envolvendo o Mayhen. O baixista Varg Vikernes, em uma viajem a Bergen, foi até o apartamento de Euronymous e o matou com 23 facadas. No julgamento Vikernes alegou legítima defesa, acabou condenado a 21 anos de prisão. Em 2009 Vikernes foi solto em regime condicional.

Estes são alguns dos casos mais notórios de tragédias envolvendo artistas de rock. É claro que não se pode fazer maiores juízos morais associando o gênero à violência, já que em outros campos da arte, coisas similares ocorrem. Estes fatos, inclusive, acabam gerando mais repercussão do que a própria música, que deveria ser o assunto principal.

Sandbox: uma nova experiência em games

Junto com a leva de jogos independentes que vem ganhando adeptos no mundo gamer, um gênero em particular se destaca. Os jogos sandbox levam o jogador a uma experiência diferenciada, criar e interagir em um mundo onde tudo pode ser modificado e aproveitado

O objetivo do Super Mario era derrotar o monstro Bowser e resgatar a princesa Peach. Sônic, o porco espinho, coletava anéis correndo em alta velocidade para acabar com o malígno Dr. Robotnik. Até mesmo o simples Pac-Man tinha uma missão, se alimentar e fugir dos fantasmas que o perseguiam.

Na tentativa de inovar, e criar um novo conceito em games, o programador sueco Markus Persson desenvolveu uma idéia de game um tanto diferente do comum. Imagine um mundo gigantesco, tridimensional, recheado de recursos naturais e esperando para ser explorado. Este é o preceito básico de Minecraft. A grande sacada de Markus é que ele teve a idéia que a empresa de brinquedos montáveis LEGO não teve. Um jogo sem objetivo definido, onde se pode fazer praticamente qualquer coisa em um mundo formado apenas por blocos.

Mas e qual é o desafio em jogo onde tudo que se pode fazer é andar por aí e empilhar blocos tridimensionais? ZUMBIS! Quando a noite chega em Minecraft, você não está mais sozinho, os mortos se levantam e vão atrás do seu cérebro. O desafio é sobreviver. A partir do momento em que o jogador fica sabendo que há perigos à solta, deve começar a se empenhar em criar um abrigo seguro, garantir a seu estoque de alimentos e forjar armas e equipamentos. Tudo isso com os recursos que o mundo do jogo oferece. Madeira, minerais, água, animais... Tudo deve ser retirado do próprio mundo e transformado de acordo com a lógica de criação de objetos do jogo.

Minecraft oferece um infinitas possibilidades
 em um mundo personalizável

Os gráficos simples de Minecraft são compensados pela experiência de jogabilidade. O jogo já foi referido como naturalista, já que coloca o jogador em uma situação onde deve fazer tudo por si só, sobrevivendo com os recursos que conseguir obter. Mas e se o desafio ficar difícil de mais? Além de contar com a opção de dificuldade "peacefull" (pacífico), onde não há perigos à solta, jogador também pode acessar sites que ajudam a desvendar os mistérios do game, um exemplo de site bem completo sobre o assunto é o Minecraft Wiki.

O sucesso de Minecraft fez com que o jogo fosse adaptado para plataformas como o xBox e o Ipad. Além disso, o game incentivou alguns produtores a criarem seus próprios games no gênero sandbox*. Um exemplo de sucesso é Terraria, praticamente uma cópia da idéia de Minecraft, porém em ambiente 2D e mais focado no combate do que na construção.

Um diferencial destes jogos é a preocupação dos desenvolvedores com a satisfação dos gamers em relação à experiência de jogar. Minecraft e Terrária vieram juntos com uma enorme leva de “indie games”, jogos realizados por produtores independentes que não contam com grandes estúdios de criação. Diante de pouco recurso, os produtores apostam em uma relação de proximidade entre desenvolvedor e jogador, fazendo com que os jogos recebam atualizações constantes de acordo com a opinião de quem está jogando, tudo na tentativa de criar uma experiência mais satisfatória e divertida. Markus Persson, exclama “Vida longa ao ágil”, referindo-se à flexibilidade de seu game, que se modifica a cada vez que um jogador relata alguma falha relevante no software.

Criar ambientes cada vez mais interativos é a tendência entre os jogos eletrônicos. O sucesso de vendas Skirym, por exemplo, trouxe um mundo onde toda e qualquer ação do jogador pode modificar toda a trama. Games como Minecraft e Terraria oferecem uma nova experiência aos fãs de games e criatividade, explorar e interagir com um mundo de infinitas possibilidades.

* Nome dado ao gênero de games onde o mundo pode ser completamente modificado pelo jogador

Trailer oficial de Minecraft

Trailer oficial de Terraria

Geração digital: as complicações que podem atingir os viciados em computador

Muitas pessoas acham que se posicionam de forma correta em frente ao computador enquanto, na verdade, estão se acomodando de maneira prejudicial à saúde do próprio corpo. Cuidados básicos com a postura podem evitar lesões e evitar outros problemas relacionados à questão.

A coluna vertebral e o coração são as partes do corpo que mais exercem esforço quando você fica sentado muito tempo em frente ao computador, seja trabalhando ou se divertindo. Estar sentado pode parecer confortável, mas essa posição faz com que os discos intervertebrais sejam desgastados, devido ao peso do corpo e à má postura. Esse desgaste pode desencadear, em poucos anos, um processo degenerativo silencioso e irreversível. Portanto, se você sente dores, é porque sua situação está crítica.

Outro problema em ficar horas sentado frente ao computador é o fato de sobrecarregar o coração: os batimentos cardíacos ficam mais fortes para garantir a irrigação da região inferior do corpo. Isso ocorre porque o posicionamento errado das pernas dificulta a circulação sanguínea da região. Visando contornar isso, o coração passa a bater mais forte para tentar vencer a dificuldade imposta pela posição errada.

Para evitar lesões e complicações cardíacas e mesmo doenças ósseo-musculares, algumas dicas podem ser seguidas:

- Evite ficar muito tempo na mesma atividade. A cada duas ou três horas, dê uma volta ou mude o que está fazendo. É importante fazer exercícios simples com frequência para minimizar as chances de dores no punho e na coluna cervical. É recomendado parar de hora em hora, durante cinco minutos, para fazer alongamentos.

- Use uma bolinha na mão e pressione-a com os dedos por aproximadamente dois segundos, repetindo 20 vezes. Isso ajuda a fortalecer a musculatura da região e minimizar a ocorrência de dores.

- Para se alongar, comece esticando o braço e puxe a ponta dos dedos para cima durante 10 a 15 segundos, repetindo de três a quatro vezes. Também é possível puxar a ponta dos dedos para baixo, também segurando durante 10 a 15 segundos. Esse exercício fortalece a musculatura do antebraço.

Este vídeo também da dicas de como se posicionar de forma correta.

Taekwondo, o esporte que fortalece a alma

O esporte é capaz de mudar a vida de uma pessoa, faz bem para o corpo e para a mente. O Taekwondo é uma arte marcial que originou um esporte de combate. Essa modalidade desportiva é considerada por muitos uma das mais completas, pois aperfeiçoa a parte física e busca o bem estar da mente, ambas coisas essenciais para a vida humana.

O Taekwondo tem origem coreana e surgiu da adaptação de artes marciais, usadas primeiramente com o objetivo de defesa pessoal. Embora tenha sido criada entre três mil e dois mil anos atrás, essa luta ganhou sua forma moderna apenas em 1955. No Brasil, só chegou em 1970, através do mestre Sang Min Cho, que em São Paulo fundou a primeira academia do esporte no país. Hoje ele é bastante difundido e praticado em todo território nacional.

A modalidade é dividida em quatro categorias, que variam de acordo com o peso. Nos combates, os atletas somam pontos ao acertarem chutes ou socos. Os chutes podem ser dados em qualquer ponto do corpo acima da cintura e os socos só podem atingir o peito do adversário. As lutas são de três rounds de dois minutos e um atleta pode ganhar de três modos: nocauteando o oponente, somando o maior número de pontos ou pela desclassificação do adversário.

O Taekwondo é um esporte olímpico

O lutador de Taekwondo é obrigado a usar proteção no toráx e na cabeça. Durante o embate não é permitido agarrar, socar no rosto, atingir abaixo da linha de cintura ou empurra o adversário. Existem graus de aperfeiçoamento representados por faixas. A primeira é a faixa branca e a última a preta. Após conquistar a faixa preta, o que ocorre por meio de desafios e lutas, o lutador passa a ser classificado por Dans de um a dez. Um fato curioso é que o último Dan só pode ser alcançado postumamente.

Em coreano a palavra taekwondo significa caminho dos pés e das mãos através da mente. A filosofia dessa arte consiste na valorização da perseverança, integridade, autocontrole, cortesia, respeito e lealdade. Durante todo ano ocorrem diversos campeonatos regionais, nacionais e internacionais dessa luta. Desde 2000 ela também faz parte dos Jogos Olimpícos. Natália Falavigna, uma das maiores e mais vitoriosas lutadoras de artes marciais do mundo, é a brasileira com maior número de medalhas internacionais no taekwondo em toda história e única atleta no Brasil campeã mundial de taekwondo nas categorias júnior, adulta e universitária.

Como toda arte marcial, o Taekwondo tem uma filosofia e não parte do princípio da luta. Seu objetivo primeiro é a formação de pessoas com carater e seguidoras de bons principios. Além de modalidade esportiva ela é utilizada para a defesa pessoal, mas nunca na tentativa de agressão a outros. Os participantes treinam seus espiritos e corpos buscando alcançar um requisito básico na vida em sociedade, a cidadania.

Uma senhora que achava que era roubada

Caros leitores, cheguei a duas conclusões que preciso democratizar com vocês. A primeira delas é que o nosso destino não é linear, é paradoxal. Comprovei isto alguns dias atrás em que descobri um presente embrulhado em uma injustiça. Havia me instalado em uma pensão de uma senhora de idade avançada, onde aparentemente, a “sanidade” reinava. Não era meu objetivo morar em um hospício construído às custas dos valores capitalistas. Mas, todos somos escravos de forças que ninguém sabe a procedência, contudo crê, instantaneamente porque buscamos preencher o vazio que o mistério sobre nossa verdadeira gênese neste mundo promulgou. Quando alguém morre, por exemplo, a gente insiste em acreditar que o motivo de todo aquele sofrimento é que afinal, já tinha chegado a hora dela; ou quando uma pessoa extremamente de mal com a vida, sofre um acidente e fica tetraplégico, e de uma hora para outra, começa a visualizar o verdadeiro valor da vida: tava escrito ele tinha que passar por isso para aprender a viver melhor. 

Assim, lá fui eu de mala e “livros”, coabitar com a idosa e mal sabia que iria viver uma situação premeditada- sim, porque também acredito que nada acontece por acaso...- que serviria depois de tema para um trabalho na faculdade. Nos primeiros dias de convivência, adotei aquela senhora como uma avó que nunca pude paparicar, por sempre me encontrei longe das minhas progenitoras de primeira geração. Ela era meio esquecida das coisas e as demais pensionistas me alertavam para o seu jeito um tanto mal educado e extremamente econômico. No entanto, não via-a desta forma e respeitava suas conversas repetidas e as vezes um tanto inverossímeis. Imaginava a vida peculiar desta senhora que literalmente ficou para titia. Nunca casou nem teve filhos, sobrevivendo independentemente e construindo sua herança com trabalho árduo e dedicação. Mas uma coisa eu pude perceber desde a primeira troca de olhar entre nós: sua obsessiva desconfiança. Vejam que cômico: todo o seu dinheiro ela guardava em uma bolsinha que pendurava em seu pescoço como se fosse um colar (cá entre nós, a sua jóia). Alertava-me que uma vizinha-sua irmã-entrava dentro de casa e roubava suas coisas.

Para seu esquecimento diário construía álibes: ladrãos. A princípio eu até acreditava, mas depois observei que não passava de delírios. Delírios de uma mulher que a vida toda foi vítima de exploração, convivendo com pessoas mal-intencionadas que se aproveitavam de sua solidão para lhe extrair seus ganhos, entre eles sobrinhos que a visitam até hoje para diagnosticar seu estado de saúde e sonhar com a possível tomada de seus bens. Dizia com a boca “E aí vovó tudo em cima?”; mas dentro de seu cérebro sujo inqueria “Quantos anos a senhora ainda vai durar, preciso começar a fazer meus planos”. No atual sistema social todos os valores são etiquetados, as relações entre as pessoas assemelham-se a um empreendimento empresarial-objetivas e interesseiras.

Assim, passei a aceitar que a doença daquela senhora seria a doença do século, e todos nós na velhice teríamos os mesmos sintomas que ela. Desculpem-me: cometi um engano. Não será preciso esperar tanto tempo para isso acontecer. Comparem: certa vez a idosa perdeu o seu dinheiro e não havia santo que encontrasse. Ela passava a então insinuar “tem ladrão nesta casa”. Mas, adivinhem só onde estava a grana: dentro de suas “ceroulas”. Hora, deputados e empresários, que por sinal estão longe de se aposentarem já fazem isso há muito tempo não é mesmo?...Mas tinha chegado a minha hora de sentir na pele sua patologia capitalista. Certo dia ao chegar em casa depois da aula fui surpreendida. Repentinamente ela me colocava porta afora, acusando-me de roubar uma calça e um casaco seu (só se era para por em um museu, pensei eu, rancorosa). Além disso, a senhora achava que havia sumido R$70.000,00! Hora, fiquei atônita; perdi o chão. Reivindiquei por justificativas; afirmei minha inocência, mas ela estava já de cabeça feita. Saí de lá extremamente preocupada. Estava sem teto, é verdade; mas, sobretudo porque cheguei a uma surreal segunda (lembram?) conclusão: na verdade, não são os loucos que vão para o hospício; é o hospício que produz os loucos. E este hospício se chama sociedade moderna.

De uma maneira nada convencional, o filme Clube da Luta, ilustra essa sociedade capitalizada, alimentada pelo niilismo, pela crise de identidades, ausência de valores, mas que ao mesmo tempo integra uma variedade de possibilidades. O título nos remete à violência, mas ao contrário, Clube da Luta é um filme sobre ideologia, com uma crítica bem ácida sobre a sociedade moderna. Confira o trailer abaixo: