JDU: Faça você mesmo, mas com qualidade!

Está cada vez mais fácil adquirir material de gravação audiovisual. A internet possibilita divulgação gratuita de material para qualquer pessoa. Esses dois fatos desviam a lógica das produções audiovisuais e reanimam o ideal punk setentista com ares de profissionalismo. Do it yourself!

Expressar-se é um desejo primordial do homem. Foi a partir das mais diversas formas de expressão encontradas pela humanidade, que se construiu todo nosso sistema de linguagem e significação. Hoje podemos observar um avanço tecnológico cada vez mais rápido em relação às formas que o homem encontra para divulgar suas idéias, opiniões ou sentimentos. Áudio de alta definição, cinema 3D dentro da sala de casa, realidade aumentada. São inúmeras as tecnologias que a cada dia vão surgindo para transformar a experiência de consumo cultural mais completa e surpreendente. A impressão que se tem é que estamos tentando reviver a sensação daqueles que, segundo a (falsa) lenda, saíram correndo ao ver “a chegada do trem à estação” dos irmãos Lumière, em 1895.

Ao mesmo tempo que grandiosidades da produção audiovisual chega às maiores salas de cinema do mundo, as tecnologias portáteis chegam ás salas e quartos de nossas casas. O avanço tecnológico não só proporcionou experiências mais intensas de apreciação, mas também acabou tornando mais acessível a oportunidade de se criar conteúdo com qualidade. Renan Person é estudante de publicidade na UNIJUÍ, em 2006 começou a experimentar registros de áudio para manter guardadas algumas idéias de músicas, e a partir daí não parou mais. Segundo ele, a acesso a tecnologias mais avançadas influenciou muito em seu trabalho: “Sem dúvida a tecnologia influência muito hoje no meu trabalho, pois ele é um processo muito mais digital, da parte de finalização do material, sem contar os instrumentos virtuais que ajudam muito a criar um material com maior qualidade e um custo muito menor”. O hobby de produzir vídeos musicais caseiros rendeu frutos, graças a isso Renan já trabalhou como editor de vídeos em uma agência de publicidade, e já realizou produções de áudio profissionalmente. Porém, ressalta: “... este retorno não chegou a cobrir meus investimentos.”. Hoje Renan tem um estúdio em seu quarto, equipado para gravar canções dos mais variados estilos.

Outro exemplo de produção audiovisual independente é o trabalho de José Valduga, também aluno de publicidade na UNIJUÍ. A história dele, porém, começou fora do quarto, nas ruas: “Comecei por volta de 2007/2008, foi quando ganhei uma handcam e filmava o pessoal aqui de Ijuí andando de skate, dai aos poucos com a quantidade de material que tinha editava alguns vídeos em casa e largava no youtube pro pessoal curtir”. Segundo ele, desde que iniciou suas produções, a qualidade evoluiu muito, tanto por questões de prática quanto pelo acesso a novos softwares de edição, e câmeras. José explica que além de ter o equipamento, também é preciso ter intimidade com o esporte: “Acho que primeiramente tu tem que gostar do que tu ta fazendo, procurar saber mais do meio. Sempre digo que, se tu nunca andou de skate na vida tu nao vai conseguir, de cara, produzir um video de skate muito interessante”.

Porém, tanto para um dos casos quanto para outro, o caminho das pedras é o mesmo, informação. “É sim possível produzir material de qualidade em casa, o caminho é se esforçar e pesquisar sobre o assunto”, diz Renan, e José completa: “...estudar, procurar material, contatos de pessoas que atuam na área. Sempre ter a humildade de pedir uma dica para alguém quando não souber algo, são coisas que aliadas proporcionam um resultado muito bom. ‘Gostar do que faz, estudar, e querer sempre mais’”.