terça-feira, 19 de junho de 2012

Eu indico: O livro de Eli



Faz tempo, aliás um bom tempo, que não assisto a um filme deste quilate. Sabe aquela sensação ao final, que te faz revisar novamente a história do começo ao fim para ligar os pontos? Assim que descrevo “O Livro de Eli”.
O filme tem todos os pré-requisitos para se tornar épico, resta saber se o público irá torná-lo um, pois por melhor que seja e por mais potencial que exista, é o público que manda. Pois bem, vamos à história.
Estamos num futuro pós-apocalíptico onde a Terra fora devastada e restam poucos por aí para contar história. Ok, até aí existem dúzias de filmes com esse enredo, de Mad Max a Matrix. E o que torna o Livro de Eli diferente? Várias coisas.
Primeiro temos Denzel Washington. Competente como sempre, é um dos poucos atores que faz da coreografia da luta, uma dança sem parecer circense. Poderia ser um Batman Ano Um se lutasse às sombras e tivesse um cinto de utilidades e mascara com orelhas pontudas.
O bom e velho Denzel, no papel de Eli, está perambulando há 30 invernos, vendo dia após dia desolação e anarquia. O cenário por onde passa mostra a devastação possivelmente causada por uma guerra. Não existem meios de comunicação, locomoção precária, canibalismos e água potável vale ouro. Aliás, não existe moeda. Voltamos ao tempo do escambo, e para conseguir algo, só na base da troca. Qualquer coisa pode ter seu valor.
Porém ao encontrar um vilarejo ao melhor estilo “velho oeste”, Eli descobre algo que possui algo muito valioso: um livro. Pausa para breve análise: poucas pessoas sabem ler neste futuro, afinal são 30 anos pós-devastação e já existe uma geração rodando por aí. Portanto para aqueles que sobreviveram ao holocausto e continuam vivos após este tempo todo, a leitura é algo poderoso.
Na vila “faroeste bandido” encontrou os elementos principais do western: terra de ninguém, um bando de brigões, um boteco sujo e alguém que faça sua própria lei, no caso, Carnegie (Gary “Com. Gordon” Oldman). O chefão do pedaço está em busca de algo muito valioso e que dará muito poder ao seu detentor: um livro.
Daí é só juntar 2+2 pare entender o que vem a seguir, correto? Não. O livro que Eli carrega não é um simples exemplar de Readers Digest. É algo muito mais poderoso. Ele traz consigo a última edição da Bíblia Sagrada.
Este é ponto que faz a maior diferença dentre qualquer outro filme do gênero. A história não se preocupa em contar o que se passou até ali. O importante é como será o futuro. Você se encarrega de presumir o resto.
Tratar a Bíblia Sagrada como objeto de poder pode não ser o melhor foco, mas sim o uso de sua palavra. Existem os críticos radicais que podem apontar como influenciador ou tendencioso, mas o certo é que se trocarmos por outra escritura sagrada importante, como o Alcorão, o efeito é o mesmo.
Dentre as várias referências históricas que são possíveis de se detectar, uma delas me chamou a atenção. A Bíblia foi o primeiro livro impresso por Gutemberg. Sabendo disso, preste atenção ao final do filme.
Eu indico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário