domingo, 8 de julho de 2012

Se liga na Igreja, meu jovem

A importância da atuação dos jovens dentro do contexto religioso




            Jovem combina com balada, com bebida e com 'ficação'. Igreja combina com paz, castidade e fé. Dois mundos. Dois ideais. Duas opiniões. Muitos preconceitos permeiam a relação entre jovens e as concepções religiosas. A grande maioria dos adolescentes exclui a Bíblia de sua biblioteca pessoal, deleta os cânticos de fé de seu mp3, abandona os Grupos de Jovens de seu círculo social e de lazer. Alega-se a falta de compatibilidade entre essas duas linguagens.

           Atualmente temos dois cenários: uma comunidade religiosa necessitando do vigor e do envolvimento de mais fiéis, e uma geração cada vez mais afundada em um crepúsculo existencial, envolvida com as drogas, com violência, assassinatos, acidentes de carro etc. E aí, será que é possível sanar as necessidades desses dois grupos promovendo a união entre os mesmos? E se for possível, como fazer para ser santo sem deixar de ser jovem?
            Uma nova pesquisa do Grupo Barna revela que o caminho não é fácil. Dos 1.296 jovens entrevistados os pesquisadores descobriram que a grande maioria (59%) abandona a vida da igreja de forma permanente ou durante um longo período de tempo após completar 15 anos de idade. Um em cada quatro jovens entre 18 e 29 anos afirma que “os cristãos demonizam tudo que está fora da igreja”. E um terço deles simplesmente acha que “ir à igreja é chato”.
A maioria dos jovens vê a igreja como um lugar pouco amigável e cheio de julgamentos. Marieli Bottega cursa o 5º semestre do curso de Relações Públicas na Unijuí. Ela participa do Grupo de Jovens Pegadas na Areia de Pejuçara e do movimento dos 72 Peregrinos da Diocese de Cruz Alta e acredita que “os jovens querem uma igreja que os acolha e entenda, que não se desfaça nas suas indagações,o jovem quer uma igreja viva e amiga”, opina Marieli.

As principais críticas da juventiude são por acharem que a Igreja em geral é superprotetora e exclusivista; oferece uma experiência cristã superficial; antagônica à ciência; um lugar em que o sexo é tratado de maneira errada; não valoriza outros tipos de fé e espiritualidade; hostil com quem não crê no que ela ensina.

 Apesar dessa realidade de evasão da geração juvenil das Igrejas, a união entre as novas gerações e a fé se mostra fundamental para a cultura contemporânea. No livro, Santos de Calças Jeans de Adriano Gonçalves (2010), o autor justifica em uma linguagem descolada sobre a importância da participação juvenil no contexto da prática da fé, “Para mim, a vida é uma montanha-russa! Ora estamos lá em cima: cursando faculdade, com ótimas notas; fazendo estágio remunerado já no segundo ano de curso; o namoro vai de vento em popa, sem cobranças. Em casa também está uma maravilha: os pais se mostram superamigos e os irmãos estão um doce. Além disso, o time do coração lidera o campeonato brasileiro, sem nenhuma chance de rebaixamento...”. Mas, de repente o brinquedo dá outra volta e o sentimento de desamparo, vazio, toma conta daquele corpo cheio de hormônios. Nesse momento que começamos a tentar um diálogo com Deus, mas a partir de um discurso inquieto: Onde Deus está que não me ouve? Será que Deus existe?
            Mas Deus está muito mais perto dos jovens do que sonha a nossa vã filosofia. Alguém já parou para pensar no fato de Jesus ter sido o primeiro twitteiro no mundo, porque, lembrem-se, séculos atrás ele falou a Mateus: “Vem e segue-me”.     
 E não precisa abandonar a balada, a bebida usual para ser um pouquinho santo. Ediane Fauro, 25 anos, é Analista de Recursos Humanos na empresa John Deere. Ela participa de um Grupo de Jovens em Horizontina intitulado de EMAUS, “A gente faz muito mais festa que antes, tem bebidinha, tem namoro, tem tudo, mas como não somos vazios as coisas só agregam. Diferente quando você está vazio a bebida é o que você busca para te preencher. Quanta coisa boa eu vivo no EMAUS, serenatas, noites de pijamas, jantares, enfim, coisas que por si só jamais você faz”. E ela garante que nunca mais quer sair do grupo, que a ajudou tanto no contexto profissional quanto na formação de laços mais sólidos e vínculos mais originais.
            A escolha é de cada um. Fato é que como disse certa vez João Paulo II, “Precisamos de Santos que bebam coca-cola e comam hot dog, que usem jeans, que sejam internautas, que escutem disc man”. Personagens teens fundamentais para revigorar a construção real de um velho discurso: o discurso de um mundo melhor. Um mundo que pode ser promovido pela união entre os jovens , a igreja e sociedade como um todo fazendo um exército de santos de calças jeans, sujeitos que curtem tatuagem, ouvem funk, navegam nas redes sociais, que são baladeiros de plantão,  mas que não deixam de acreditar no poder da fé.
Confira um vídeo que mostra mais pensamentos de João Paulo II sobre a presença do jovem dentro do contexto religioso. Precisamos sim de muitos santos de calças jeans...

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